terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Simone Weil, presente na caminhada!

Hoje 3 de fevereiro, é dia de memorarmos uma figura destacada da filosofia e da atuação política. Me refiro a Simone Adolphine Weil, nascida há exatos 106 anos, na cidade de Paris. Escritora e filosofa, Simone chegou a trabalhar como operária da montadora Renault, para escrever sobre o cotidiano dentro das fábricas.

Simone lutou na Guerra Civil Espanhola, ao lado dos republicanos. Anos depois atuou na Resistência Francesa, quando morou em Londres, durante a Segunda Guerra Mundial. Não pode retornar a França como pretendia, pois o governo de seu país impediu seu retorno, devido a sua fama.

Vitimada pela tuberculose, faleceu em agosto de 1943, poucos dias após sua internação, devido a sua avançada debilidade física provocada pela doença. Simone se recusou a se alimentar, ultrapassando a cota diária da alimentação permitida aos soldados, nos campos de batalha ou aos civis pelos tickets de racionamento.

Nascida em uma família judia não-praticante, Simone e o irmão, o matemático André Weilcresceram agnósticos. Revelando uma inteligência notável e uma personalidade excêntrica, era comum manifestar-se em defesa de seus ideais, Simone já falava grego arcaico aos doze anos e aos quinze, obteve um bacharelado em filosofia. Passou três anos se preparando para ingressar na Ecole Normale Supérieure, sob a supervisão do filósofo anticonformista “Alain”. Simone foi uma das primeiras mulheres a estudar na renomada instituição, se formou na mesma turma de outra famosa Simone (de Beavouir).

Em 1931, Simone torna-se professora em uma escola secundária para moças em Le Puy. Conjuntamente com sua atuação na escola, com trabalhos em fazendas e fábricas, onde encontrava “o tempo como condição e espaço como objeto”, que norteou suas ações. Para Simone, o mundo é o lugar adequado para um intelectual estar, ajudando as pessoas a refinarem seus poderes de observação e capacidade crítica; e que o papel apropriado para a ciência é permanecer integrada a vida produtiva, sem a qual torna-se meramente um sistema remoto de sinais vazios. Foi transferida de escola e cidade, depois de desentendimentos com a escola.

Em agosto de 1932, viajou para Berlim, onde constatou o impasse do movimento revolucionário acuado entre o reformismo social democrata e um partido comunista fragilizado, que colocou os sociais democratas como principais adversários, deixando o nazismo crescer solto. Simone registrou suas impressões sobre a Alemanha em alguns artigos escritos entre 1932 e 1933.

Neste mesmo ano, publica o artigo "Vamos para a revolução proletária", onde enfatiza que a opressão do proletariado era causada pelas técnicas da produção industrial, presentes tanto no capitalismo como no socialismo burocrático vigente na então União Soviética. Para Simone, "não é a religião, mas a revolução que é o ópio do povo". Sua própria experiência como operária levou-a a compreensão de que em nenhum país onde as técnicas produtivas implantadas a partir do modo de produção capitalista, incluindo os que estavam sob o domínio do nazismo, do fascismo e do stalinismo, o planejamento da produção estava prestes a cair sob o controle operário, desta maneira, os revolucionários seriam apenas mártires em busca de suas mortes.  

Em 1934, Simone licenciou-se por dois anos do magistério para  viver como e entre operários. Porém, sua saúde debilitada pela tuberculose só lhe permitiu levar o projeto até agosto de 1935, quando, trabalhando na linha de montagem de carros da Renault, caiu doente com uma inflamação na pleura. O "Journal d'usine" ("Diário da fábrica") que ela manteve durante esse período observa que "a exaustão me fez esquecer finalmente as verdadeiras razões pelas quais estou na fábrica; ela faz quase invencível a tentação que esta vida traz consigo: não mais pensar". O ocorrido lhe causou um trauma tão forte que fez ela abandonou as noções românticas sobre o proletariado. Ela descobriu que a opressão não resulta em rebelião, mas em obediência e apatia - e até mesmo na internalização dos valores do opressor.

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